domingo, 10 de janeiro de 2010

"Lilian Lemmertz"


Com Walter Hugo Kuori e Lilian Lemmertz


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Lemmertz, Lilian (1937 - 1986)



Biografia

Lilian Lemmertz Dias (Porto Alegre RS 1937 - Rio de Janeiro RJ 1986). Atriz. Intérprete de origem gaúcha, introspectiva e refinada, detentora de especial talento para as nuances e pormenores expressivos, transitando com leveza e espírito entre a comédia e o drama.

Ainda no curso colegial, inicia-se no teatro estudantil através de um convite de Antônio Abujamra para integrar o elenco de À MArgem da Vida, de Tennessee Williams com o Teatro Universitário de Porto Alegre, em 1953, tornando-se a revelação do ano o Prêmio Negrinho do Pastoreio. No ano seguinte, segue nesse elenco em O Pai, de August Strindberg, sob a direção de Linneu Dias, então professor da Escola de Teatro da Universidade do Rio Grande do Sul, e que, dois anos depois, se tornará seu marido.

Lilian entra para a universidade, para cursar línguas neolatinas, e, em 1961, juntamente com Roberto Vigna, Paulo José, Antônio Abujamra e Linneu, funda o grupo Comediantes da Cidade. Estréiam A Bilha Quebrada, de Kleist, no festival de estudantes de Paschoal Carlos Magno, onde ela é eleita a melhor atriz e Linneu o melhor diretor. Vistos por Cacilda Becker, esta os convida para seguirem carreira em São Paulo.

Sob a direção de Hermilo Borba Filho, Lilian estréia profissionalmente na companhia de Cacilda Becker em Onde Canta o Sabiá, de Gastão Tojeiro, como a protagonista, em 1963. O sucesso é fulminante, levando-a a um trabalho atrás do outro, com destaque para A Noite do Iguana, de Tennessee Williams, direção de Walmor Chagas, e Toda Donzela Tem Um Pai Que É Uma Fera, de Gláucio Gill, dirigido por Benedito Corsi, ambos em 1964. Ela, todavia, decide voltar para o Sul, interrompendo a carreira. Plano logo desfeito com novo convite de Cacilda Becker para integrar o elenco de Quem Tem Medo de Virgínia Woolf?, de Edward Albee, sob a direção de Maurice Vaneau, sucesso absoluto em 1967, pelo qual leva o Prêmio Saci de melhor atriz coadjuvante. Atua em dois filmes: As Cariocas, em 1966, e As Amorosas, em 1968, ambos de Walter Hugo Khouri, diretor que a elege sua atriz preferida e com quem realiza diversas outras películas.

Volta aos palcos, ao lado de Juca de Oliveira, em Dois na Gangorra, de William Gibson, com direção de Osmar Rodrigues Cruz, em 1968, e é premiada com o Molière de melhor atriz. No ano seguinte, é a Ofélia, de Hamlet, de William Shakespeare, com direção de Flávio Rangel, e faz uma substituição na antológica encenação de O Balcão, de Jean Genet, concepção de Victor Garcia.

Seguem-se trabalhos em filmes e telenovelas e, em 1972, É Hoje!..., de Lawrence Holofcener, em que é novamente dirigida por Osmar Rodrigues Cruz; e Roda Cor de Roda, de Leilah Assumpção, com direção de Antônio Abujamra, em 1975. Em 1977, sob a direção de Antunes Filho, interpreta o Wladimir de Esperando Godot, ao lado de Eva Wilma, numa encenação coroada de sucesso, apenas com mulheres. Em 1978, é novamente premiada, agora com o APCA de melhor atriz, em Caixa de Sombras, de Michael Cristofer, uma direção de Emílio Di Biasi. Em 1979, participa de Tiro ao Alvo, de Flávio Márcio. Volta a chamar a atenção no desempenho da suave mãe de A Patética, proibida peça de João Ribeiro Chaves Neto, pelo diretor Celso Nunes, em 1980.

Precocemente morta aos 48 anos, Lilian deixa uma lacuna no meio artístico, registrada pelo crítico Alberto Guzik: "A morte de Lilian Lemmertz priva o teatro, o cinema e a televisão de uma intérprete excepcional, no auge da maturidade. Sua memória passa a integrar uma galeria especial de personagens cênicas, habitada por Cacilda Becker e Glauce Rocha, também falecidas prematuramente, quando senhoras plenas dos segredos do palco".

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