sábado, 21 de março de 2009

"A Espera"






"Nas horas que dá um branco e a vida fica lívida pelos cantos "

Josely Vianna Baptista


Ela ficou de aparecer, prometeu que viria com olhos contornados à lápis preto, mesmo no calor do dia. Esqueceria os vestidos de verão.
Ela certamente apareceria com aquele cinismo de sempre, a revirar os bolsos como se estivesse a procurar algo importante.
Não importava.
A Plaza Certina ficava bem próxima ao colégio dos padres e ao Malecón, que lembrava Piñera.
Certamente a espera nos permite purgar a alma e a imensa possibilidade de criar estórias.
Ela viria, certamente.
Adolescentes fumavam sem parar em meio ao sol enquanto cartões exibiam as entranhas da catedral para turistas, bilhetes de metro iluminam o dia.
Dois dedos de prosa fariam esquecer a espera,talvez não.
-Senhora, por acaso sabe o caminho da Huertanica ?
Tomo a decisão mais acertada, em meio aos classificados encontro Vênus por cinquenta dólares americanos , acertamos os detalhes.
Ela prometeu que viria envolta em purpurina e brilho.
As letras do bilhete cegam-me os olhos.
Mariangeles não resistiu e explodiu as têmporas, um pouco antes da minha chegada.

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