sábado, 21 de março de 2009

" Fanny & Alexandrer".1982, Bergman





"Fanny & Alexander" é um magnífico, empolgante e ambicioso filme sueco. Realizado pelo grande cineasta Ingmar Bergman, sua história acompanha os maus-tratos sofridos por duas crianças, Fanny e Alexander, principalmente este último, quando sua mãe viúva decide se casar com um bispo luterano que, agindo como um verdadeiro tirano, exige que ela deixe para trás sua casa, vestidos, jóias, bens, seus amigos, família, idéias, hábitos e tudo o mais que possa lembrar a vida que levava anteriormente.
Tendo recebido seis indicações ao Oscar, este filme sueco foi agraciado com nada menos quatro estatuetas, inclusive a do Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira.
A direção de Bergman é perfeita, mantendo um ritmo adequado a prender a atenção do espectador do início ao fim. O belo trabalho apresentado por Sven Nykvist, fotógrafo preferido do cineasta, assim como, o figurino assinado por Marik Vos, são dois outros quesitos que merecem destaques.
Como na maioria de seus filmes, os questionamentos religiosos acham-se também presentes em "Fanny & Alexander". Quando as crianças encontram-se na casa do judeu Isak Jacobi, num determinado momento, por exemplo, o questionamento de Alexander sobre a existência de Deus é extremamente pesado, que não ouso repeti-lo. Em seu universo, o cineasta cria espaços para cristãos e judeus, ricos e pobres, sãos e insanos, jovens e idosos, fantasmas e magia, além de uma galeria de personagens inesquecíveis por suas peculiaridades.
O filme basicamente se inicia e termina com a família reunida, em torno de uma mesa: no início, para comemorar a passagem do Natal e, no fim, para celebrar o batismo de duas crianças.


(CAA)

“Alexander: Quem é está atrás da porta?Voz: É Deus que está aqui, atrás da porta.Alexander: E não pode avançar um pouco mais?Voz: Nenhum ser vivo deve ver o rosto de Deus.Alexander: E o que é que você quer de mim?Voz: Quero apenas comprovar que eu existo.Alexander: Fico-lhe muito agradecido. Obrigadinho.Voz: Pra mim, você não passa de um grão de poeira sem importância nenhuma. Sabia disso?Alexander: Não.Voz: Aliás, você é muito mau para sua irmã e seus pais, descarado diante dos professores e está sempre com pensamento ruins. Na realidade, não entendo por que é que eu deixo que você continue a viver, Alexander!Alexander: Não?Voz: O Sagrado! Alexander! (...) Deus é o mundo e o mundo é Deus. É muito simples.Alexander: Eu peço muitas desculpas, mas se de fato é como você diz, então, eu também sou Deus!Voz: Você não é Deus, de jeito nenhum. Você é apenas um pedacinho de merda, cheio de impertinência.Alexander: Posso afirmar que sou menos impertinente que Deus...”
(Ingmar BERGMAN. Fanny e Alexander. RJ: Editorial Nórdica, 1985)

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