sábado, 21 de março de 2009

"Sumidouro"

"Não tenho dúvida que foram os deuses gregos que inventaram o destino" ( Ziembisnki)

A adorável M., vestida a caráter, zarpou para a Guiana no último ônibus noturno. Foi seguida discretamente pelos peixes, enormes, que desciam a foz do Rio Branco. Decidiu
no último instante não seguir no minúsculo carregador que prometia levá-la a Manaus, tivera estranhos sonhos onde rapazes de Georgetown a trancafiavam em um depósito povoado de tambaquis.
Estivera em estado de semi-encantamento depois de um ligeiro licor indígena, néctar
de cravos .A tatuagem no dorso a incomodava, enquanto vozes zombavam das chuvas.
Uma chuva em cântaros, como nos Salmos em recorte. Desejou ser levada pelos peixes mais uma vez, que anseiavam por ela desde os primórdios.
Sentia o sangue quente circular desejoso, espalhar-se pelo corpo e fundir-se com o
caudaloso rio . O profeta Isaías confidenciou que os peixes gostavam de seu silencio obsequioso e tinham certeza que ela era uma completa estranha no mundo dos sãos.
Uma religiosa a encontrou em um igarapé, sem olhos, com um livrinho dos Gideoes entre as mãos.

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