quarta-feira, 18 de março de 2009

"O Khouri invade o São Luiz"


O pequeno homem de olhar infinitamente azul e vasta cabelereira branca esconde-se entre-colunas-em-mármore, enquanto um bando de esquerdistas ressentidos falam do novo-cinema-velho, apregoando que a reeinvencao da miseria alheia é a forma mais rápida de agradar aos gringos e conseguir alguns tostões para o proximo documentário-sobre-catadores-de-lixo.Com as bençãos da Miramax.

O Khouri , pouco afeito ao progressismo, resolveu apostar na beleza das lafonds, arósios, egreis e barsotis e em uma pretensa estética intimista e com forte carga erótica. Um Bergman tupiniquin, com uma enorme paciencia com atrizes jovens, capaz de reclinar o rosto da arósio ainda púbere sobre uma imensa rocha com uma delicadeza encantadora.

Antes de Brando e Maria Schneider em "The Last Tango in Paris", o Khouri trancafiou
Odette Lara e Norma Benguel em um quarto paulistano em "Noite Vazia" e foi capaz de reeinventar o amor entre duas mulheres e o cine de autor .

Depois de longa ausencia disseram-me que ele passou desta para melhor.

Em 89 sua silhueta estava bem proxima, parecia encantado com a beleza do São Luiz, a espera do ultimo Greenway. Perguntou-me com uma polidez nada paulistana sobre cigarros.
- Eu não fumo.

O Khouri deixou o São Luiz em direçao Guilherme Rocha em busca de cigarros a retalho.
Nao o vi mais. Pensei na Maria Schneider e na possibilidade de um remake do "The Last Tango" no Iracema Palace, com direção do Khouri e cenografia do Raimundo Luis.

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