quinta-feira, 6 de maio de 2010

"OZUALDO CANDEIAS "



OZUALDO CANDEIAS

Diretor, produtor, roteirista, diretor de fotografia, montador e ator.

Nasceu em 5 de novembro 1922 na cidade de Cajubi - São Paulo. Faleceu (insuficiência respiratória) em 8 de fevereiro de 2007 na cidade de São Paulo.

Com a realização, em 1967, do filme "A Margem", Ozualdo Ribeiro Candeias é considerado como precursor do Cinema Marginal paulista. Entretanto, sua obra como um todo mostra uma visão de mundo a partir de uma perspectiva moral inexistente no restante da produção marginal. O descentramento ideológico, próprio de determinadas camadas da juventude urbana de classe média a partir do final da década de 60, não é perceptível nestes filmes. Uma das características que permitem o cortejamento da produção marginal com relação ao Cinema Novo é exatamente o abandono da ética própria a este movimento relacionada à representação da verdade. A moral que os filmes de Candeias conotam é certamente de uma matiz outra que essa. Porém, percebe-se uma preocupação freqüente com a procura do sublime e a exaltação da pureza em meio à sordidez, ausente em outras obras do Cinema Marginal. "A Margem" é completamente filmada às margens do Rio Tietê (São Paulo). As imagens do lixo, comum à região, são constantes e a narrativa evolui em meio a um cenário desolador. A presença desse lixo assim como a marginalidade dos personagens e a disposição narrativa não-linear são os principais pontos exaltados pelos cineastas marginais.

O diretor filma, em 1968, o episódio "O Acordo" do filme "Trilogia do Terror" e, em 1969, "Meu Nome É Tonho". Este último lembra bastante o gênero faroeste espaguete, tanto pelo ritmo narrativo, quanto pela quase ausência de falas e sua não função em termos da intriga. Apesar das referências, o filme não se articula em função de manter uma relação intertextual com o universo do gênero a partir de um imaginário já cristalizado.

Com o média-metragem "Zézero" (1974), o cineasta resolve radicalizar, realizando um filme de baixos custos, criando assim condições para a experimentação e ousadias totais. O tratamento dado à temática e as cenas de sexo revelam a liberdade de um filme que desconsiderava a censura, mercado e sugestões estatais para o resgate da cultura brasileira. "Zézero", apesar da divulgação limitada, dispara violentos mísseis no clima cultural acomodado do momento. Questiona com virulência o cinema brasileiro que tenta desesperadamente dialogar com o público e o Estado, valendo-se do erotismo, da história e da literatura para sair de uma fraqueza estrutural.

Em "As Belas da Billings" (1986), Candeias apresenta novamente o estranho, o deformado e o abjeto pulsando no interior de uma realidade da qual quase sempre só vemos as pontas mais brilhantes

Filmografia

A Margem (1967)
Trilogia do Terror (1968), com José Mojica Marins
Meu Nome É Tonho (1969)
A Herança (1970), baseado em Hamlet de Shakespeare
Zézero (1974)
A Opção (1981)
Manelão, o Caçador de Orelhas (1982)
A Freira e a Tortura (1983), adaptação da peça de Jorge Andrade
As Belas da Billings (1987)
O Vigilante (1992)


http://filmescopio.50webs.com/cineastas/ocandeia.htm

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